27.2.13

Histórias das Canções: Ponteando o rio, o mar

Postado por Cleverson Natali
Foto: Raul Silveira

Ponteando o rio, o mar tem uma das histórias que eu mais gosto.

Quando jovem, eu estudava piano e teclado cerca de cinco, seis horas por dia. Mesmo com esse tempo de estudo, eram muitas as dificuldades. Sendo assim, me incomodava ouvir alguns pedagogos e estudiosos da música dizer que qualquer um podia tocar. Como assim, qualquer um pode tocar? Eu ralava todos os dias e as dificuldades técnicas eram muitas.

Resolvi dividir essa inquietude com vários amigos e professores, mas ninguém conseguiu dar uma resposta que pudesse resolver isso.

Comecei a fazer faculdade de música no Rio de Janeiro e um dos professores me pareceu a pessoa certa para ser questionada sobre o assunto. Perguntei o que ele achava sobre a questão de qualquer um poder tocar. Ele então me disse:

"_ Tudo está na forma em que se interpreta a palavra tocar. 'Tocar' qualquer um pode. Passar a mão em um instrumento e dedilhar as suas cordas, tocar uma escala, uma melodia, alguns acordes, isso qualquer um pode. Mas 'tocar' a plenitude do ser, a alma de uma pessoa, somente um músico de verdade pode fazer."

Quando surgiu a possibilidade da gravação do disco, achei bem oportuno fazer uma música sobre o assunto.

Quem toca toca o que não dá pra alcançar
Quem toca alcança o que busca encontrar...

Resolvi falar dos sonhos também, afinal, a música sempre mexe com eles. Nessa passagem, cito o livro Os sonhos não envelhecem de Márcio Borges. Essa obra sobre o Clube da Esquina é muito importante para mim.

...Um grande sonho que escondido está
Guardado a sete chaves esperando o seu lugar
Pois sonhos nunca envelhecem,
Já dizia o poeta, só precisa acreditar...

Na terceira estrofe resolvi falar sobre a simplicidade musical. Representei essa simplicidade na figura do violeiro. A beleza muitas vezes está na simplicidade e não na quantidade ou qualidade.

Essa ainda teve a participação de Claudio Nucci na gravação. Ele, o músico que sempre nos "tocou" com seu trabalho, que tanto admiramos.

Espero que as nossas canções possam tocar e ajudar as pessoas.


Ponteando o rio, o mar (Cleverson Natali)

Quem toca toca o que não dá pra alcançar
Quem toca alcança o que busca encontrar
E é tocando que a vida eu levo
Fazendo o coração sempre menino procurar

Um grande sonho que escondido está
Guardado a sete chaves esperando o seu lugar
Pois sonhos nunca envelhecem
Já dizia o poeta: só precisa acreditar

No mais o violeiro é ligeiro passarinho bem faceiro ponteando o rio, o mar
Cantando moda pra sua morena, inspirado na beleza e na doçura do luar


19.2.13

Silmara Franco, sobre a participação do Cantus Quatro no Sr Brasil

Postado por Rafael Freitas



Quem me conhece, já sabe: sou apaixonado pelos meus amigos. Supervalorizo mesmo. Digo amigos AMIGOS, desses que a gente pode contar em qualquer hora, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença. rs

Amigos sempre vão estar ali dando um jeitinho de fazer um carinho, de se fazer presente, de dividir uma notícia boa ou uma pizza! E quando essa amizade esbarra em afinidades musicais, então... aí é pra valer mesmo! Como acontece com a gente do Cantus. E com tantos de nossos amigos.

Vai daí que a gente recebe e troca esse carinho de várias formas. O da minha querida Silmara Franco foi com as palavras:


"O dia em que meu amigo cantou na televisão

Caetano Veloso não sabe, mas o Rafael também pensava em cantar na televisão. Quando ele avisou, “Vai passar no programa tal, tal dia”, corri botar na agenda. Já esperava que fossem fazer bonito, conheço a cantoria dos quatro – ele mais três. Eu só não contava com a vontade doida de chorar que me deu, ao ver meu amigo na tela. Meus olhos marejaram em HD.
Sob domínio do streaming, onde todos podem, democraticamente, mostrar seus talentos e ser acessados infinitamente – independente da vontade e do crivo de algum editor enjoado – , cantar na televisão ainda é mágico, mitológico. Ainda desassossega o coração da família e dos amigos, que se aboletam no sofá, no horário anunciado. Não se lava louça nessa hora, não se atende telefone, não se faz barulho. Chiu, vai começar.
Rafael e seus companheiros de voz – dentre eles, a moça da saia mais bonita deste mundo – começam e eu, da minha sala de estar, reverencio sua música com alegria e orgulho. Não me mexo na poltrona, para não perder nenhum acorde. Não é todo dia. Juntos, os quatro não cantam; vão desenhando as notas no ar. Canto é uma ilustração sonora e colorida. O que meu amigo leva nos bolsos da camisa xadrez, escolhida para o dia? Nas mãos (e na voz), eu sei: um sonho em sol maior. Sol de quase dezembro. Por que não?
Quis tocar a campainha do vizinho e mandá-lo ligar a TV, “Eu conheço este aqui, ó!”. Contar que tomamos um café juntos, sempre que dá. Que, na tela, o Rafael parece tão sério e comportado (logo quem). Que eu sei como é sua voz quando está à paisana. E o quanto rimos da vida, às vezes tão desafinada.
Quis registrar para minha coleção de vizinhos que sou tiete autorizada do Rafael e que vou garantir meu autógrafo-abraço vitalício, comprando todos os discos que ainda virão desse quarteto mineiro e ensolarado.
Quis dizer que não sei se meu amigo toma Coca-Cola, mas sei que não pensa em casamento. Ele só quer seguir vivendo. Amor."











Minha amiga Silmara Franco é autora do blog Fio da Meada, recomendadíssimo!

10.10.12

Cantus Quatro no Programa Sr Brasil, com Rolando Boldrin

Postado por Cleverson Natali

Quando enviei o material para a produção do programa Sr Brasil, não imaginei que seríamos chamados em tão pouco tempo. Por sinal, uma produção impecável desde o primeiro contato até o momento da nossa volta para Pouso Alegre.

Uma pitada de ansiedade contagiou o grupo no camarim, considerando que estaríamos com Rolando Boldrin, apresentador que todos os integrantes do grupo admiram. Também por participar de um programa com um valor cultural tão importante.

 




No palco, uma grande descontração na passagem de som, graças ao profissionalismo da produção, que nos deixou muito a vontade. Foi uma grande emoção subir ao palco do Programa Sr Brasil com o Cantus Quatro e o violonista Bruno Vinci e dividir com a plateia as nossas canções e histórias. O apresentador Rolando Boldrin, por sinal, super simpático e atencioso nos mínimos detalhes. Uma delícia estar ali ouvindo seus causos tão de perto, dividindo com ele aquele palco por onde já passaram tantos ícones da música popular brasileira e tantos tão admirados por nós.



Uma grande alegria também ver na plateia amigos que acompanham o trabalho do Cantus Quatro tão de perto.

Um momento muito especial que ficará registrado na trajetória do Cantus Quatro e que em breve será exibido na TV Cultura.

6.10.12

Carolina Correa, sobre o Show do Cantus Quatro no Projeto Santo de Casa

"...e a imensidão do som neste momento..."*


Cantus Quatro. Não por acaso seu símbolo é um trevo, meio cata-vento. Pois é um som que se harmoniza, se mescla depois se joga em todas as direções. Nos quatro cantos do espaço presente e nos quatro cantos do peito e da alma.

Cheguei a pouco da apresentação do grupo no projeto Santo de Casa, no Teatro Municipal de Pouso Alegre. É uma alegria muito grande prestigiar amigos queridos e talentosos. Coração se enche de alegria e prazer de poder terminar a noite acalentado por boa música.


A noite começou com as músicas do grupo. Então, uma surpresa: cada integrante teve seu momento de partilhar seu coração com o público ali presente. João Eugênio nos presenteou com seus versos de mineiro, trovador da lua, na canção de sua autoria “Luamar”. Rafael, meu querido Rafa, bobo eterno no meu coração, nos presenteou com “Outro Lugar” (de Elder Costa). Coração até dói de amor e lindeza!


Aí veio o momento pra arrebentar nossos corações: Micaela Bettamio lançou “... uma pedra no meio do caminho...”, deixando então a canção. “Itamarandiba”, que inevitavelmente me arranca lágrimas. “Rouxinol”, só de lembrar a música, a história, uma tarde melancólica onde pela primeira vez assisti “Ser Minas Tão Gerais”, e a Natália me contou a linda história que a gerou, as lágrimas incontroláveis vem inclusive agora, no construir desse texto. E “Travessia”. Que dói, não adianta. Que me lembra dessa estrada dolorida que tem sido esse tempo de volta a Pouso Alegre, de amor, lágrimas e saudades eternas.


Eis que eu, à flor da pele, fui só emoção derramada. Fernanda Brito trouxe “Rebento” (Gilberto Gil). “Substantivo abstrato” que rebentou a emoção em uma noite tão povoada de beleza e canção.


Canto, encanto, emoção aos quatro cantos. Cantus Quatro de emoção, lembranças e beleza. Pois entre causos do "caipira pira pora", Cleverson, a gente percebe (ao som de “Romaria”) que aquele momento disse de nossas histórias, amores e saudades. Que a vida é essa colcha de retalhos, tecida de histórias repletas de canção. Há pessoas queridas que deixaram saudades, há sonhos que não envelhecem, há a esperança de ser feliz. Como meninos e meninas, coração tão repleto dessas Minas Gerais cantadas lindamente por esse quarteto.


Obrigada meus queridos. Que suas canções se joguem aos quatro cantos, aos quatro ventos e espalhem por aí toda a beleza que é ser Minas Gerais.

Carolina Corrêa, 06 de outubro de 2012.

*Frase da canção “Rebento”, interpretada lindamente por Fernanda Brito, que ressoou o sentimento da noite.




Cantus Quatro no Projeto Santo de Casa

Postado por Cantus Quatro


Aconteceu ontem o show do Cantus Quatro pelo projeto Santo de Casa. 

O projeto teve início neste ano trazendo uma série de shows de artistas pousoalegrenses “jogando em casa”, ou seja, no Teatro Municipal de Pouso Alegre.

O “Santo de Casa” nasceu do desejo de três músicos  – Cleverson Natali, Wolf Borges e Jucilene Buosi - de produzir e promover a música sulmineira e os artistas que residem na cidade e fazem história pelo Brasil e exterior a partir daqui. “A grande maioria desses artistas tem a nossa cultura e tradições arraigadas em tudo o que produzem e isto precisa ser valorizado”, diz Jucilene Buosi, produtora do evento. “São artistas com um pé em Pouso Alegre e outro no mundo”, acrescenta Natali.

Passaram pelo palco do Santo de Casa os músicos Rafael Toledo e Elder Costa e Wolf Borges e Jucilene Buosi. Depois do Cantus Quatro, o grupo Imbuia encerra o projeto com show marcado para o dia 18 de outubro.

E provando que Santo de Casa também faz milagre, o Cantus Quatro fez um belo show, tendo como repertório as canções de seu primeiro CD, outras do cancioneiro popular e um momento reservado para obras do Clube da Esquina. Para formar a “cozinha”, o grupo contou com a participação os músicos e amigos Matheus Macedo (percussão), Ângelo Camargo (contrabaixo) e Bruno Vinci (violão sete cordas). A cenografia ficou por conta das designers Taciana Gontijo e Maristela Blank.








25.5.12

Cantus Quatro amanhã, em Andradas

Postado por Cantus Quatro

Amanhã é o dia da segunda etapa do 14° Festival da Canção de Andradas. Esta é a lista de canções a se apresentarem nesta etapa:

Para melhor visualização, clique na imagem.

Estamos ansiosos para subir no palco e defender a nossa música! Vamos torcer juntos!

Você pode ter outras informações no blog do festival clicando aqui.







21.5.12

Apresentação do Cantus Quatro no Viola de Todos os Cantos

Postado por Cantus Quatro

No último sábado, o Cantus Quatro participou da segunda etapa do Festival Viola de Todos os Cantos. Aldeia Mineira foi a canção selecionada, concorrendo na categoria música regional.

Infelizmente, não fomos os vencedores... Mas ter uma canção selecionada entre tantas outras e participar de um evento tão sério e importante para a nossa música já valeu a pena! Parabéns à organização do evento, por tanto cuidado e pela simpatia e presteza dos técnicos de som. Fica um abraço de agradecimento do Cantus Quatro!

E aqui está o vídeo da nossa apresentação. Assista e confira!

11.5.12

Cantus Quatro no 14° Festival da Canção de Andradas

Postado por Cantus Quatro


Realizado pela Prefeitura Municipal de Andradas, o Festival da Canção de Andradas chega à sua 14ª edição. O festival é um "convite aberto a músicos de todo o Brasil e tem como objetivo manter um espaço para a “música brasileira de qualidade”, desenvolver a cultura musical, valorizando artistas, compositores e intérpretes", como consta no regulamento do festival.

Neste ano, foram inscritas 507 canções, de 19 estados mais o Distrito Federal. Foram selecionadas 24 canções, que serão apresentadas sexta-feira, dia 25 de maio, e sábado, dia 26. As 12 melhores canções classificadas participarão da final no domingo, dia 27.

Com a aprovação na Lei de Incentivo à Cultura, neste ano o evento conta com o patrocínio de algumas empresas, o que garantiu a ampliação da estrutura oferecida aos participantes.

Nossa canção O Tempo está entre as classificadas! Vamos apresentá-la no sábado! E mais uma vez contamos com sua torcida!

Para mais informações sobre o evento, acesse o site da cidade de Andradas.

25.4.12

Cantus Quatro no Festival Viola de Todos os Cantos

Postado por Cantus Quatro


O Viola de Todos os Cantos é um festival realizado pela EPTV, em parceria com a Pauta Música e Eventos. Criado em 2003, o festival tem como objetivo valorizar a cultura regional e manter viva a tradição das modas de viola. A cada edição tem reunido os melhores violeiros e músicos do Brasil.

Uma de nossas canções foi selecionada para participar do Viola de Todos os Cantos 2012. Aldeia Mineira, composta por Cleverson Natali, estará concorrendo na categoria Música Regional.

Para melhor visualização, clique na imagem.


Vamos defender nossa canção na segunda etapa do festival, dia 19 de Maio, em Varginha. Contamos com a torcida de todos que acompanham nosso trabalho!

Para saber mais sobre o evento, clique aqui.


13.4.12

Histórias das Canções: O Tempo

Postado por Cleverson Natali

O Tempo nasceu de uma brincadeira com o ritmo de blues. Da brincadeira surgiu a ideia da melodia do refrão e daí ficou fácil construir o restante da música.

A ideia de construir a letra falando sobre o tempo veio depois. A saudade de situações que aconteciam na infância e na juventude e a vontade de conhecer o futuro foram a base para tudo. Porém, uma das estrofes sempre ficava a desejar. Eu guardava a música por alguns dias, voltava a trabalhar na letra e não gostava do resultado. Resolvi deixar o tema de lado e ele ficou guardado por vários anos.

Quando surgiu a possibilidade de gravar o disco, voltei a trabalhar com ele, mas nada me agradava. Resolvi mostrar aos amigos João Eugênio e Rafael Freitas. Eles deram suas sugestões e juntos conseguimos finalizar a música para o disco.
Depois que terminamos o tema, fiquei pensando sobre o tempo que aquela música levou para ficar pronta. Nascer, desenvolver e se tornar plena. É intrigante como tudo tem “o tempo” certo para acontecer...


O Tempo (Cleverson Natali, João Eugênio e Rafael Freitas)

Tempo, tempo voa
Tempo mais que tempo tenho
Tempo que ficou pra trás
O tempo bom de quando era pequeno, o tempo
E nunca mais voltou ao cais

Nunca, nunca o tempo satisfaz
Sempre perto ou longe demais
Deixa marcas nas ondas da vida, aflorando as emoções que alcançar
Não descansa seja noite ou dia
Corre sempre ser ter medo de chegar

Tempo, tempo voa
Tempo mais que tempo tenho
Tempo que ficou pra trás
O tempo bom de quando era pequeno, o tempo
E nunca mais voltou ao cais

Muda, muda tempo a história
Cura as marcas que estão na memória
As feridas que ficaram vivas
As lembranças que machucam o coração
Os amores sempre impossíveis
E os amigos que não mais fazem verão

13.10.11

Fotos do Show de lançamento do CD Cantus Quatro

Postado por Cantus Quatro
Acabamos de receber as fotos do show de domingo!

O Teatro Municipal de Pouso Alegre estava cheio de amigos, familiares e admiradores do Cantus Quatro. A presença dos nossos convidados Claudio Nucci, Dri Gonçalves e Emílio Victtor encheu o teatro de graça e tornou o show ainda mais especial.

A banda, formada por músicos de altíssima qualidade e todos amigos do Cantus Quatro, também foi a responsável pelo sucesso do show: Bruno Vinci, Diovani Bustamante, Giuliano Tiburzio, Matheus Macêdo, Claudinho Mendonça, Márcio Mineiro, Nelson Saqueto e Alex. Valeu, amigos!

Confira algumas fotos!




Mais fotos, acesse aqui nosso facebook.

3.10.11

Show de lançamento do CD Cantus Quatro!

Postado por Cantus Quatro

Onde você encontrar este cartaz por aí, já sabe: é o show de lançamento do CD Cantus Quatro!

No próximo domingo, dia 9 de Outubro, às 20h, no Teatro Municipal de Pouso Alegre. Atenção para as participações mais que especiais de Claudio Nucci, Dri Gonçalves e Emílio Victtor.

Queremos agradecer também aos nossos parceiros Colégio Integral e Conservatório Estadual de Música de Pouso Alegre; ao nosso patrocinadores Poliflex Transporte e Comércio de Areia, Brita e Cia e à Showp's Pizzaria e ao apoio cultural de Gerana Orgânicos e Ótica Zero Grau.

Esperamos você!


26.9.11

Histórias das Canções: Pegadas e Lembranças

Postado por Cleverson Natali

A vida é repleta de momentos de muita felicidade e alegria, mas também de momentos de muita tristeza. Momentos que gostaríamos de nunca ter vivido.

Em nossas vidas encontramos pessoas que muito nos ensinam. Pessoas que nos fazem crescer, desenvolver o que é bom dentro de nós. Foi assim com o meu avô paterno, o meu “Vô João”. Ele sempre foi o “pilar” da minha família, a “viga mestra”, o “cara”.

De repente toda essa história bonita chega ao fim. O tal “cara” se foi.

Uma grande revolta me contaminou. No começo eu achava que tudo tinha chegado mesmo ao fim. Fiz uma música em homenagem a ele que mostrava toda a minha revolta com aquela perda.

Pouco tempo depois o Cantus Quatro parou. Sinceramente, eu achei que nunca mais fôssemos voltar. Comecei a estudar piano novamente e me envolvi com outras atividades musicais. Pra minha surpresa, dois anos se passaram e o Cantus Quatro resolveu voltar a existir.

Voltei a pegar o violão e retomei minhas canções. Entre os meus “pergaminhos musicais”, estavam composições que eu tinha deixado de lado, guardadas no baú. Entre essas composições estava a música que eu tinha feito para o meu avô.

Li, reli, pensei, refleti e concluí que não era nada daquilo. Eu havia feito um verdadeiro tratado sobre a revolta do ser. A letra falava do fim, mas isso não era verdade. O meu avô estava tão presente quanto antes nas minhas ações, nas minhas atitudes.

Resolvi mudar tudo: melodia, harmonia e letra. Busquei as lembranças que eu tinha de tudo que vivi ao lado dele. Refiz os caminhos, procurei as pegadas que ele deixou. Criei uma música que com certeza fala ao coração das pessoas que já sentiram o que eu senti e sinto.

Pegadas e Lembranças é a minha homenagem a ele e a todos aqueles que perderam pessoas importantíssimas em suas vidas.


Pegadas e Lembranças (Cleverson Natali)

Um pé descalço, um pé no chão
Correndo o tempo, girando um pião
Um coração menino a me contar
Sonhos, histórias que viveu
Saudade imensa nos olhos cresceu
Homem ou anjo, quem vai desvendar

Um soldado da paz
Me fazendo sorrir
Crescer, criar raízes onde mora o bem
Um poeta que traz
Versos, trovas e mais
Descansa a alma e o coração leva além

Um pé descalço, um pé sem chão
Uma ferida invade o coração
Uma lágrima a consolar
Olhar perdido em meio ao mar
Rumo incerto, certeza onde está
Tua voz eu não ouço mais

Tempestade a correr
Na alma, no ser
Febre queimando o corpo, luz a se perder
Pesadelo no ar
Tormenta no mar
Um barco no horizonte azul a se romper

Um pé descalço o chão buscou
Sem rumo certo, um caminho me dou
Tua falta sempre a machucar
Sigo pegadas por onde vou
Tantas lembranças, tudo o que restou
Tramas da vida quem vai suportar...



23.9.11

Últimas notícias: o projeto gráfico do CD Cantus Quatro

Postado por Rafael Freitas

Como já comentamos aqui, Guilherme Carrozza é o publicitário responsável pelo projeto gráfico do CD Cantus Quatro. E podemos garantir: o encarte ficou bonito demais, feito com muito cuidado e coerente com o trabalho do Cantus Quatro.

As fotos foram tiradas por Fabiano Cisticerco, na casa de Ivanise Andrade e Márcio Mineiro, ela arquiteta e ele músico, que tem, inclusive, uma participação especial em algumas faixas do nosso CD. A produção do figurino foi da Boutique N Store, de Pouso Alegre.

Um forte abraço de agradecimento do Cantus Quatro para esses nossos amigos!

Agora... Não podemos mostrar tudo aqui, pra não perder a graça! Mas uma pequena amostra, um pedacinho, só pra dar um gostinho, isso nós podemos! rs
Esperamos que gostem!

Abração!
Rafa





13.9.11

Histórias das Canções: Retalhos

Postado por João Eugênio

"Retalhos" é uma parceria minha com uma aluna de violão, a Bia Carrozza. Por isso, pedi que ela contasse um pouco sobre a história dessa música. O que fez com muita delicadeza e carinho, vejam:

"Foi bem curioso como surgiu essa música. Meu colégio fez um projeto para criarmos poemas sobre temas como respeito, esperança, solidariedade e alegria, que foi a base para "Retalhos". Bem, quando me foi proposto esse sentimento, não sabia ao certo o que falar, até porque, para mim, alegria era algo passageiro, momentâneo, e o que valia mesmo era a felicidade. Depois de algumas reflexões e uma conversa com o João Eugênio em uma quarta-feira, dia da minha aula de violão, chego a conclusão de que o que é a felicidade se não retalhos de alegria? Sendo assim, comecei a pensar em tudo aquilo que me causa alegria e, juntos, são capazes de acabar com qualquer tristeza. Uma semana depois, chego novamente ao João em minha aula, mas agora com o intuito de que ele achasse a melodia que, segundo minha professora, estava faltando e eu, particularmente, não a via. E, realmente, não poderia ter sido melhor: a melodia foi a costura perfeita para que as alegrias virassem felicidade."

Foi imediato! Acabei de ler o poema e já disse pra Bia: _ Eu já vi uma música aqui. Só acrescentei uma brincadeira, um jogo de versos e palavras no final da canção.

E esta é a história de "Retalhos". E pra conferir o resultado, é só acessar nosso MySpace clicando aqui!

Abraços,

João Eugênio


Retalhos (João Eugênio e Bia Carrozza)

Saio juntando pedaços, dando laços
Formando constelações de sons
Som que vem da alma e sai sem querer
Música sem melodia, sem verso
Demasiados sorrisos contagiantes
Aqueles sem fim, do nascer ao morrer

Saio dando laços, juntando pedaços
De alegrias nostálgicas
Repletos de felicidade
De um eterno viver

Corro desfazendo laços, separando pedaços
De uma profunda melancolia
Distribuo abraços com alegrias
De um último anoitecer

Canto...
Colorindo a noite
Contemplando versos
Desenhando vozes
Decifrando a vida

Contemplando a noite
Desenhando versos
Decifrando vozes
Colorindo a vida

Desenhando a noite
Decifrando versos
Colorindo vozes
Decifrando a vida

Decifrando a noite
Colorindo versos
Contemplando vozes
Desenhando a vida

1.9.11

Minas um canto e um conto

Postado por Cantus Quatro

Minas – Um canto e um conto é uma extensão do projeto Bares de Minas, que já existe há quatro anos, realizado por Cantus Quatro e Bruno Vinci. Seu principal objetivo é difundir a importância da cultura mineira no contexto histórico-musical brasileiro, visando o fortalecimento cultural da sociedade e a ampliação da política de valorização artístico-cultural pelas instituições e entidades de forma geral.
O Clube da Esquina é um movimento riquíssimo em influências. Nele encontramos traços da Cultura Negra, da Música Sacra, da Bossa-Nova, do Folclore Mineiro, da Música Latina, do Rock, do Jazz, entre outros. Com tantas influências, o Clube da Esquina se tornou um movimento de fácil aceitação, levando a bandeira da música mineira a todos os cantos do mundo. Além disso, o cenário político e social da época trazem a tona fatos relevantes ao preparo, principalmente no que diz respeito ao âmbito cultural, das novas gerações. Podemos citar a ditadura militar e o fortalecimento da indústria cultural no Brasil, entre outros fatores presentes nesse cenário que marcou a vida e as histórias dos membros do Clube da Esquina.

É embasado nestas questões que o projeto Bares de Minas acontece. Um tributo aos compositores e músicos do Clube da Esquina, trazendo ao público histórias e músicas que marcaram época, dentro de um cenário político-social repleto de fatos marcantes na história do Brasil.


Minas - Um canto e um conto será realizado no Teatro Inatel, dias 10 de setembro às 20h.


26.8.11

Histórias das Canções - Aldeia Mineira

Postado por Cleverson Natali

Aldeia Mineira é meio que uma continuação de Noitear. Pega um pouco o rastro das ideias que me fizeram criar Noitear.

Ela traz a questão do pensamento indo de encontro ao mar de ideias e possibilidades culturais que temos em Minas Gerais e o que esse encontro nos causa.


É na música, principalmente, que encontramos essa força mineira. Seja na música sacra (barroco mineiro), na poética e no encontro de estilos do Clube da Esquina, nas folias de reis e em todos os sons da nossa Minas Gerais.

Por isso o refrão diz:
É longe do mar
Que encontro a magia desse povo

Aldeia mineira a cantar
É longe do mar
Que encontro a alegria desse povo
Aldeia mineira a cantar


Aldeia Mineira (Cleverson Natali)


Brisa vem e sopra o pensamento para o mar de Minas
Buscando na noite o aconchego das montanhas
Atravessa o fio desse coração menino a navegar
Sempre sonhador

Seguindo os caminhos deste horizonte infinito
Vai acorrentando ao peito histórias e desejos
Tradições e poesia unindo mente e alma
Um olhar em paz
Uma voz no ar

É longe do mar
Que encontro a magia desse povo
Aldeia mineira a cantarÉ longe do mar
Que encontro a alegria desse povo
Aldeia mineira a cantar

Som que cala a alma e eterniza os puros sentimentos
Trazendo lembranças já perdidas na memória
Violando o tempo e as raízes de um passado distante e bom
Tempo sem igual


11.8.11

Cantus Quatro no MySpace

Postado por Cantus Quatro

O MySpace é uma rede social criada em 2003 que utiliza a Internet para comunicação online através de fotos, blogs e perfis de usuário. Chegou a ser considerada a rede social mais popular do mundo, mas perdeu nos últimos anos para outras redes como o Facebook.

Muitos músicos e bandas começaram a utilizar o MySpace para estabelecer uma presença online gratuita com o objetivo de divulgar os seus trabalhos e para comunicarem-se com seus fãs. Em 2004, o MySpace tornou-se o portal da música independente na internet com a criação do MySpace Music, que permite aos usuários criar uma presença online e mostrar seu trabalho através de postagens de suas músicas em formato MP3.

Pelo fato de ser muito popular e pelos serviços que oferece, muitos artistas renomados criaram seus perfis no MySpace para divulgar suas músicas e reunir fãs.

Com seu primeiro CD em fase de finalização, o Cantus Quatro ingressa no MySpace para começar a mostrar sua cara e seu trabalho. Três músicas já foram postadas: Noitear, que já mostramos aqui; O Trem de Minas, que também já apareceu por aqui, e Ponteando o rio, o mar, canção de Cleverson Natali que traz a participação do cantor, e produtor do disco, Cláudio Nucci.

Acessem!

29.7.11

Histórias das Canções - Noitear

Postado por Cleverson Natali

Recebi um texto pela internet que falava sobre a palavra noite. O texto dizia que a palavra noite significa infinito por ela ser a junção de dois símbolos que representam o infinito. A palavra noite é formada pela consoante N mais a palavra oito.

Na matemática o símbolo utilizado para representar o infinito é \infty (oito deitado).

Na teoria dos conjuntos, o infinito é representado pela letra hebraica aleph (  \aleph ).

O intrigante é que isso não acontece apenas no português, mas em várias outras línguas.

País

Formação da palavra noite

Brasil

N+oito = noite

EUA

N+eight = night

França

N+huit = nuit

Alemanha

N+acht = nacht

Itália

N+otto = notte

Espanha

N+ocho = noche

Achei muito interessante o texto e comecei a pensar sobre o infinito, a imortalidade e o que nos torna imortais (infinitos) e concluí que só existe uma coisa infinita em todos nós: o pensamento. Ele nos leva ao lugar que quisermos; pode criar situações inusitadas e até infundadas. Todos aqueles que se tornaram imortais na história foram grandes pensadores da humanidade.

Baseado nisso criei Noitear, uma música que fala sobre o pensamento humano:

...onde andas tu menino
Porque não quer parar...

...o pensamento voa
Busca o que sempre quis
Em devaneio quer contar
Final sempre feliz.

Noitear significa, ao meu ver, tornar infinito tudo o que é bom.


Noitear (Cleverson Natali)


No longínquo está sempre a procurar
O sonho que possa alcançar
Vai além do mar, vai além do céu
Na terra não quer mais pisar

Onde andas tu menino?
Por que não quer parar...

Levanta a face da razão
Desperta o teu olhar
Para alcançar a profunda luz
Nas noites sempre a refletir
Signo que está na palavra em si
É o infinito a noitear

O pensamento voa
Busca o que sempre quis
Em devaneio quer contar
Final sempre feliz

No longínquo está sempre a procurar
O sonho que possa alcançar
Vai além do mar, vai além do céu
Na terra não quer mais pisar

Onde andas tu menino?
Vai além mar
Por que não quer parar...
Sempre o que quis

Levanta a face da razão
Desperta o teu olhar
Para alcançar a profunda luz
Nas noites sempre a refletir
Signo que está na palavra em si
É o infinito a noitear

O pensamento voa
Busca o que sempre quis
Em devaneio quer contar
Final sempre feliz



24.6.11

Cantus Quatro no 41° Festival Nacional da Canção

Postado por Cantus Quatro

O Festival Nacional da Canção é o maior festival de música do Brasil. Com uma vitoriosa história de 41 anos o Festival Nacional da Canção é hoje o principal palco para os grandes talentos da música brasileira. Sem restrições a gêneros, épocas e ritmos o festival é uma união cultural que reflete a cara do país.



O objetivo principal do evento é valorizar e divulgar a cultura nacional. O Festival Nacional da Canção é apoiado pela Lei Estadual de Incentivo à Cultura e pela Lei Rouanet.

O Cantus Quatro inscreveu três músicas e Trem de Minas, de João Eugênio, foi classificada! (Veja aqui a lista de classificação das canções.)

Nos dia 5 de Agosto, em Pouso Alegre, defenderemos a canção! Contamos com a presença e a torcida de todos!

Para saber mais sobre o festival, visite o site do FENAC. http://www.festivalnacionaldacancao.com.br/

19.6.11

Histórias das Canções - O Trem de Minas

Postado por João Eugênio

Falar de Minas é voltar a ser criança, é sonhar e se deparar com uma realidade poético-musical inspir
ada na te
rra, no ar, nas cores e nos sons de uma natureza que exala arte. E por que não pensar em um trem - símbolo mais forte da cultura mineira? Um trem de ferro, um trem a vapor, um trem ofegante que caminha por um trilho chamado vida!

Pensando neste “trem” e motivado pelo tema abordado no projeto Música na Escola da rede municipal de ensino, em que eu lecionava, concluí, no primeiro trimestre de 2005, uma das primeiras músicas de minha autoria, cuja harmonia estava pronta há quatro anos, aguardando uma letra e um arranjo que a completasse – O Trem de Minas.

O primeiro arranjo, escrito para cinco vozes, não chegou a ser interpretado por questões técnicas e algumas falhas na elaboração do mesmo. Em 2009, fiz uma adaptação a quatro vozes e O Trem de Minas finalmente “saiu dos trilhos” para o palco num show realizado pelo Cantus Quatro no Teatro Municipal de Pouso Alegre.

Apesar de seu arranjo complexo, adicionamos esta canção ao nosso primeiro CD pelas características marcantes – poética, melódica e rítmica – da música mineira que nos inspira. Nesta faixa, tivemos a honra de contar com a participação de nosso grande amigo, o músico Emílio Victtor, que agregou à canção O Trem de Minas a emoção que gostaríamos de passar através de seu belo timbre.



O Trem de Minas (João Eugênio)

Buscar algo real em um sonho, fantasia
Em pedaços de papel um rabisco, algumas letras
Pipa, linha, carretel
O início de uma história
Brincadeira ou algo mais
Vejo um trilho e surge um trem

O trem de Minas Gerais, gerais Minas Gerais, gerais minas
Oh, Minas gerais!

Ao longe vejo o sol
Quando nasce o dia
Pinta todo o céu de azul
Traz a vida e harmonia
Aos que vivem em Minas, norte ou sul
Neste trem que lentamente
Segue em frente sempre em paz
Percorrendo a minha terra

O sul de Minas Gerais, gerais Minas Gerais, gerais minas
Oh, Minas gerais!

Este trem que é de ferro e a vapor
Vive sempre ofegante a tocar

O coração de um mineiro apaixonado
Pela vida que é um trilho e corta essas Minas Gerais

Ao longe vejo o sol
Quando nasce o dia
Pinta todo o céu de azul
Traz a vida em harmonia
Aos que vivem em Minas, norte ou sul
Neste trem que lentamente
Segue em frente sempre em paz
Percorrendo a minha terra

O sul de Minas Gerais, gerais Minas Gerais, gerais minas
Oh, Minas gerais!

Ó, Minas Gerais
Ó, Minas Gerais



...........................



(Na foto acima Cleverson, Rafael, João Eugênio e Fernanda: o Cantus Quatro na Maria Fumaça de Pouso Alegre)


Emílio Victtor - http://www.myspace.com/emiliovicttor - é cantor, compositor e violonista natural da cidade de Perdões, MG. É dono da Casa do Bosque, um pub localizado a poucos quilômetros da cidade, num casarão antigo, cercado pela natureza. O pub também é palco de nomes famosos da música popular brasileira. Foi na Casa do Bosque que o Cantus Quatro iniciou uma bela amizade com Emílio, e logo a música propôs as parcerias!

14.6.11

Desejos sinceros

Postado por Cantus Quatro

Hoje, no Facebook do Cantus Quatro, Euler Ferreira, compositor da canção Serelepe, deixou esta mensagem para o grupo. Muito carinho de sua parte, já que o Cantus Quatro é que precisa lhe agradecer por ter cedido tão gentilmente que gravássemos uma música tão bonita!

Você faz parte desta história, Euler!


17.5.11

Histórias das Canções - Assombração

Postado por Rafael Freitas

Quando começamos a definir o repertório para o nosso Cd, uma música chamava a atenção de todo o grupo. Era “Assombração”, do violeiro, cantor e compositor mineiro Zé Helder. O músico é amigo do Cleverson e ficou empolgado com a ideia de gravarmos sua música.

Por email, pedi que ele me falasse sobre sua composição. E eis sua resposta!


Bom, sobre assombração, vamos lá:

Eu sempre tive verdadeiro fascínio por histórias de assombração e do folclore em geral. Assim como tenho fascinação por João Guimarães Rosa. É chupado dele a parte do "Tinhoso, o Capiroto, o Cujo, o Pé-de-bode, Dianho, Sujo, Que-não-se-ri" e eu completei com "Que-não-se-pode" pra rimar. Está no Grande Sertão: Veredas. O resto da letra é um verdadeiro glossário de várias assombrações recolhidas da nossa região (como a Maria Engomada - Cachoeira de Minas; o famigerado Chiquinho da Borda) e do folclore brasileiro, como a sétima filha mulher da mesma casa que vira bruxa e vem chupar sangue à noite em forma de mariposa. Ou o lobisóme, que na versão matuta, é um bicho amarelo por ter o couro virado ao contrário e ataca galinheiros não pra comer galinha, mas pra comer a titica. E tantas outras fascinantes, como o corpo-seco, que eu morria de medo, pois tive um tio contador dessas histórias, o tio Mauro. O refrão fala da afinação Rio Abaixo, que tem origens interessantíssimas também, sempre ligadas ao Capeta descendo o rio de canoa ponteando sua violinha. Bem, mais curioso de tudo, é que sempre acontecem coisas estranhas relacionadas com essa música. Vocês testemunharam uma delas durante as gravações, e eu já tive problemas técnicos na hora do show. Pode ser coincidência, mas eu adoro pensar que não é. Como disse Cervantes "Yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay".

Temos muito o que agradecer ao Zé Helder por essa música, por ter permitido que a gravássemos. E ela rende histórias... Ô, se rende!


Assombração (Zé Helder)

Noite de sexta-feira, lua cheia
Suindara agourando
Tabaréu se benze pelo sinal da Santa Cruz
Virgem Maria, Credo em cruz
Isso é medo de assombração

Moça se enamorou do vigário
Virou mula sem cabeça
Morde o freio, dispara
Soltando fogo pelas ventas
Credo em cruz, mas que medo de assombração

Lobisóme vira a pele do avesso
Amarelo, olho vermelho,
Invade galinheiro
Come titica e se espoja
Credo em cruz, mas que medo de assombração

Sétima menina, muié da mesma casa
Nasce bruxa, chupa sangue, cachaça
Bebe tudo num só gole, o garrafão
Que medo de assombração


Mora um cramulhão dentro do bojo da minha viola
Quando afino em rio-abaixo, ele que me ensina as moda.


Pio de urutau, caipora
Curupira, Pisadeira, Capeta da Borda,
Maria Engomada no porão
Credo em cruz, mas que medo de assombração

Porco preto, corpo seco
A porca de sete leitões
À meia noite da sete voltas
Procurando pra matar
Credo em cruz, mas que medo de assombração

Tinhoso, o Capiroto, o Cujo, o Pé-de-bode
Dianho, Sujo, Que não se ri, Que não se pode
Artes de Saci, fogo-fá da Boitatá
Vento no Uakti, arma penada em cafezá


Mora um cramulhão dentro do bojo da minha viola
Quando afino em rio-abaixo, ele que me ensina as moda.



Um pouco mais do trabalho de Zé Helder: http://www.myspace.com/zehelder