A vida é repleta de momentos de muita felicidade e alegria, mas também de momentos de muita tristeza. Momentos que gostaríamos de nunca ter vivido.
Em nossas vidas encontramos pessoas que muito nos ensinam. Pessoas que nos fazem crescer, desenvolver o que é bom dentro de nós. Foi assim com o meu avô paterno, o meu “Vô João”. Ele sempre foi o “pilar” da minha família, a “viga mestra”, o “cara”.
De repente toda essa história bonita chega ao fim. O tal “cara” se foi.
Uma grande revolta me contaminou. No começo eu achava que tudo tinha chegado mesmo ao fim. Fiz uma música em homenagem a ele que mostrava toda a minha revolta com aquela perda.
Pouco tempo depois o Cantus Quatro parou. Sinceramente, eu achei que nunca mais fôssemos voltar. Comecei a estudar piano novamente e me envolvi com outras atividades musicais. Pra minha surpresa, dois anos se passaram e o Cantus Quatro resolveu voltar a existir.
Voltei a pegar o violão e retomei minhas canções. Entre os meus “pergaminhos musicais”, estavam composições que eu tinha deixado de lado, guardadas no baú. Entre essas composições estava a música que eu tinha feito para o meu avô.
Li, reli, pensei, refleti e concluí que não era nada daquilo. Eu havia feito um verdadeiro tratado sobre a revolta do ser. A letra falava do fim, mas isso não era verdade. O meu avô estava tão presente quanto antes nas minhas ações, nas minhas atitudes.
Resolvi mudar tudo: melodia, harmonia e letra. Busquei as lembranças que eu tinha de tudo que vivi ao lado dele. Refiz os caminhos, procurei as pegadas que ele deixou. Criei uma música que com certeza fala ao coração das pessoas que já sentiram o que eu senti e sinto.
Pegadas e Lembranças é a minha homenagem a ele e a todos aqueles que perderam pessoas importantíssimas em suas vidas.
Pegadas e Lembranças (Cleverson Natali)
Um pé descalço, um pé no chão
Correndo o tempo, girando um pião
Um coração menino a me contar
Sonhos, histórias que viveu
Saudade imensa nos olhos cresceu
Homem ou anjo, quem vai desvendar
Um soldado da paz
Me fazendo sorrir
Crescer, criar raízes onde mora o bem
Um poeta que traz
Versos, trovas e mais
Descansa a alma e o coração leva além
Um pé descalço, um pé sem chão
Uma ferida invade o coração
Uma lágrima a consolar
Olhar perdido em meio ao mar
Rumo incerto, certeza onde está
Tua voz eu não ouço mais
Tempestade a correr
Na alma, no ser
Febre queimando o corpo, luz a se perder
Pesadelo no ar
Tormenta no mar
Um barco no horizonte azul a se romper
Um pé descalço o chão buscou
Sem rumo certo, um caminho me dou
Tua falta sempre a machucar
Sigo pegadas por onde vou
Tantas lembranças, tudo o que restou
Tramas da vida quem vai suportar...